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MAPas de vôo

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Que se pode esperar de cubos que dançam? Cubos que voam…. ou desejam voar….  Entre aproximar-se, distanciar-se, trajetórias retas, circulares, lentas, rápidas, em conjunto ou isoladas… olhar a dança dos cubos talvez nos possa deixar com o sentido da nossa dança humana… com nossas tentativas de vôo… de existência plena… aproximando-nos, distanciando-nos, em trajetórias retas, circulares, lentas, rápidas, em conjunto ou, isoladxs…. compondo distintos…. mapas de vôo.

          Mapas de Vôo é um espetáculo instalativo no qual cubos de papel de seda dançam movidos com o vento gerado por ventiladores e alguns outros motores.  Nasce de um conjunto de projetos que tem o vento como parceiro. Esses processos eu nomeei de Projetos de Vento e Mapas de Vôo é o numero 1.

             A investigação relaciona dois aspectos centrais que persistem no meu trajeto: (1.) a inquietação acerca da formação coletiva humana e suas implicações em nossos modos de existir e construir subjetividades, em especial suas conformações mais sutis que se fazem corpo (micro/bio políticas); (2.) a questão da hierarquização entre humano e mundo, entre humano e matéria, a partir de um olhar sistêmico de construção de ambientes, e portanto, um olhar no qual as partes se co-interferem.

 

          Tim Ingold - o antropólogo - explicita reflexões que nos ajudam a repensar essa hierarquia matéria-humano. Ele critica um modo de ver matéria-e-objeto como constitutivos de um mundo separado do mundo humano e critica ainda uma visão da matéria como passiva e com existência dependente do recebimento de in-formação humana. Em suas palavras: “Uma vez que reconhecemos nossa imersão [no mundo da matéria], o que este oceano revela para nós não é a homogeneidade branda de diferentes tons de matéria, mas um fluxo no qual materiais dos mais diversos tipos, através de processos de mistura e destilação, de coagulação e dispersão, de evaporação e precipitação, sofrem contínua geração e transformação. As formas das coisas, longe de terem sido impostas desde fora sobre um substrato inerte, surgem e são suportadas - como, aliás, também o somos - dentro desta corrente de materiais.” (INGOLD, 2015, p.56-57, livro Estar Vivo). O filósofo francês George Simondon aborda a partir de seu terreno híbrido de pesquisa, uma perspectiva afim. Ele diz: “a matéria viva está longe de ser pura indeterminação ou pura passividade. Tampouco é uma tendência cega; trata-se ao contrário, do veículo de energia informada.”

Neste sentido, humano e matéria são entendidos como partes de um sistema, diferenciando-se em suas condições constitutivas. Esta visão de ruptura da hierarquia do humano sobre a matéria (sobre o mundo), convida um olhar imanente como princípio, estabelecendo um solo no qual outras relação entre as partes do sistema se constituem: relações baseadas em estar “com" e não em estar “sobre”. Configura uma maneira de convívio com a diferença, exercício de base que se estende às relações humanas, respeitando seus distintos "materiais" subjetivos. Ou seja, a partir deste olhar podemos pensar em modos de articular sistemas nos quais o outro pode ser tomado desde sua diferença constitutiva, em uma perspectiva de interações coletivas potenciadoras, e não de subordinação, produzindo resistência ao que nos propõem os dispositivos de relações subjugadoras capitalistas, com suas políticas de sujeição cravada em nossos corpos e relações mais íntimas com mundo.     

        Estudos de Movimento

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maquete digital inicial do projeto - por Leandro Oliván

         Nesse pensamento sistêmico e imanente de coletividades, penso que as posturas de escuta, estruturas de alocentria, visão de contexto e dispositivos de pertencimento são centrais na busca de um coletivo de autonomias potenciadas que se articulem em relações horizontais que, acho importante dizer, não são horizontalidades planas, se acolhem realmente a diferença.

      Este trabalho se conforma como um sistema de vento, ventiladores, cubos de papel de seda, dispositivos de mecatrônica artesanal (robótica e automatização) e eu, constituindo um entorno de interrelações que convocam esse estado de escuta atenta no desenvolvimento de uma composição que se quer lacônica em sua produção de múltiplos sentidos. São criaturas que desenham trajetórias no espaço. Mapas de vôo. Ou de NÃO vôo, pois que há os que possuem outras habilidades…. Ou os que voam distinto por suas materialidades constitutivas…

       Entre aproximar-se, distanciar-se, trajetórias retas, circulares, lentas, rápidas, em conjunto ou isoladas… olhar a dança dos cubos talvez possa nos deixar com o sentido da dança social humana… 

talvez refletir sobre nós como coletivos temporários, em uma dança na qual cada parte deste todo gera na micro e na macro escala, modos de existência e de constituir mundo.

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rastros do processo de criação

      Estudos de formas, aerodinâmica, modos de construção e reprodução de cubos de papel de seda.

        Investigação de alternativas de controle de velocidade de ventiladores AC e DC.

Investigação de construção de criaturas mecatrônicas em deslocamento de chão

Agradeço ao apoio de:

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rastros do processo de criação

      Estudos de formas, aerodinâmica, modos de construção e reprodução de cubos de papel de seda.

        Investigação de alternativas de controle de velocidade de ventiladores AC e DC.

Investigação de construção de criaturas mecatrônicas em deslocamento de chão

   Notas vidográficas de processo.

Agradeço ao apoio de:

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